Carta do vovô II
Walnut Creek (USA/CA), 20 de maio de 2019
E você chegou Sarinha. Escrevo-lhe novamente desde a última cartinha, ainda no início da sua existência no quentinho do ventre da mamãe Manu.
Dia desses fiz um soneto para você, se lembra?
Vem Sarah, vem Sarinha,
minha netinha americana.
O teu nome é princesinha,
todo mundo já te ama.
Vem Sarah, vem Sarinha,
minha netinha esperança.
Tua chegada, menininha,
é Deus feito criança.
Vem Sarah, vem Sarinha,
vem morar neste planeta.
Vem na brisa mansinha,
vem logo minha neta,
pelas mãos da fadinha
e o encanto do poeta.
E você chegou exatamente assim minha neta: na brisa mansinha, pelas mãos da fadinha e o encanto do poeta.
Vovó Márcia, vovô Geraldo, vovó Claudete e eu ficamos na sala de espera da família, em oração, esperando você nascer, na graça do papai do céu. Sua mamãe e seu papai, muito tranquilos e confiantes, mas cheios de emoção, fizeram tudo certinho para lhe proporcionar o melhor caminho possível para esta fantástica experiência que é nascer.
Naquela minha primeira cartinha, escrevi um poeminha singelo, assim:
um colibri
beija a florzinha
nalgum dia…
bem diante de mim
é fecundo o amor
que prenuncia
de uma fadinha
e seu querubim
Lembra da estória do colibri que sempre anuncia uma boa nova? Então; vovô Geraldo viu o beija-flor dia desses lá na sua casinha. Prenúncio de sua chegada com saúde e graça.
Só temos a agradecer a misericórdia do papai do céu na sua vida, na vida de nossa família. A Dindinha Débora, do padrinho Lucas, chorou só de ver seu rostinho lindo pelas ondas da realidade virtual. Todos nós choramos: de alegria, de gratidão, de uma emoção tão grande que nos tomou por inteiro de tanta paz e amor. E o seu primeiro chorinho foi a canção mais bela que já ouvimos nesta vida. Como nos ouviram, num dia tão distante, os bisavós Vitória e Galvão, que, tenho certeza, sentiram, lá do Brasil, sua presença entre nós. E do céu, na mesma frequência, vovô bisa Lino, da vovó bisa Vitória, e vovó bisa Augusta, do vovô bisa Galvão.
Com o seu papai Felipe, eu e vovó Claudete iniciamos, felizes, o ciclo da segunda paternidade…
somos
mais
antes
só filho
agora filho
e pais.
Graça de Deus que renova nosso vigor e nossa esperança na força maior da vida, o amor. E sei que é exatamente assim que se sentem o vovô Geraldo e a vovó Márcia.
Sarah, que você diga de seu nome:
Sou fé e gratidão
A Fátima e a Rita
Reveladas em mim
Amor… a Deus imita
Hosana, viver assim!
que numa aldravia, vovô responderá:
Sarah
princesa
teu
nome
ensina
: milagre
E novas cartinhas e poesias haverão de vir Sarinha, minha neta, enquanto bater em meu peito o coração de poeta. Pelas coisas não escritas que se escondem nas palavras e nos versos que gravitam em torno das emoções mais intensas.
Estamos e estaremos sempre juntos, pois, mesmo que próximos ou distantes, desde antes, pelo agora e até o depois. Epifania da eternidade: “quem sabe isso quer dizer amor estrada de fazer o sonho acontecer”.
Beijinho do vovô poeta.
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João Gimenez é escritor e poeta. Garimpeiro de palavras.
Tem três livros publicados. A completude do verso (2013 – Editora 3i), Versos Velados (2015 – Editora 3i) e O céu, a lua e as estrelas (2019 – Editora Aldrava, Letras e Artes).
Com O céu, a lua e as estrelas, João Gimenez foi premiado em 3o. lugar no Concurso Internacional de Literatura da UBE/RJ – União Brasileira de Escritores – Rio de Janeiro, na modalidade Aldravia, Prêmio Gabriel Bicalho.
É membro efetivo da ALACIB – Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil – Mariana – MG e da SBPA – Sociedade Brasileira dos Poetas Aldravianistas.
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