“Poesia da Sexta” – CCLXXXV
Carta do Vovô VI
Monte Verde, 06 de fevereiro de 2.020
Ei Sarinha, minha boniteza
Fico a olhar você assim, dormindo, no silêncio e no descanso da sua lida cotidiana de descobrir as coisas deste mundo. O que se passa nessa alminha tão doce e bela? Nesse seu jeitinho tão leve de ser? Que bom seria se nós, adultos, pudéssemos resgatar de nossas memórias os momentos sublimes das nossas mais puras experiências infantes.
Acabo de completar 60 anos. Meu primeiro aniversário na graça de ter me tornado avô. Sou muito feliz por isso. Agradeço imensamente ao papai Felipe e à mamãe Manu por terem me proporcionado a oportunidade de ter uma netinha tão linda e esperta como você, na bondade infinita do Papai do Céu.
E como é instigante comparar nossas experiências atuais…
Você… na alvorada, no amanhecer da existência. Eu… no crepúsculo dos dias, no ocaso da vida.
Você e a sua vontade de aprender tudo que vê.
Eu e a oportunidade de desaprender coisas que vi outrora e não soube compreender.
Você… na efervescência dos tecidos celulares, do crescimento físico e do desenvolvimento do intelecto e dos sentidos. Eu… na serena aceitação da inexorabilidade do ciclo da vida.
Você… “in”. Eu… “out”.
Mas, o melhor mesmo é ter descoberto, a essa altura da vida, um jeito de amar novinho, que eu jamais havia experienciado: o amor de vovô. Nele, tudo se renova, tudo renasce, com a mesma efervescência de todo começo.
E aí – como que por um milagre – a gente se torna “in” de novo. E resgata o menino adormecido que mora em nós, que brinca de novo, na mais pura vontade de apreender e viver intensamente. Como me rejuvenesce ver você crescendo, aprendendo a andar, falar, reconhecer… Aprendendo o novo e o belo a cada experiência.
Por isso, esse meu aniversário de 60 anos é tão significativo. Ressuscitou em mim aquele menino alegre e confiante. Como sempre lembra a tia Ana Cristina, amiga-irmã do vovô, uma canção linda de Milton e Brant:
“há um menino, há um moleque
morando sempre no meu coração
toda vez que o adulto balança
ele vem pra me dar a mão…”
Termino, com as bênçãos do Papai do Céu e um acróstico para você:
Sentir assim
Amor novinho
Renasceu em mim
Aquele menino
Hoje e sempre
Beijinho do vovô João.
poesia palavra prenhe dos meus silêncios -‘- cobre com a lua o frio insone das noites de rua e traga […]
Inverno João Gimenez A florada dos ipês, Quando nem se espera, Surge entre as galhas Secas… Desnudas. Emoldura a tristeza […]
lua clara que a alma lava e leva o que é triste… ilumina o jardim dos meus encantos e a […]
João Gimenez é escritor e poeta. Garimpeiro de palavras.
Tem três livros publicados. A completude do verso (2013 – Editora 3i), Versos Velados (2015 – Editora 3i) e O céu, a lua e as estrelas (2019 – Editora Aldrava, Letras e Artes).
Com O céu, a lua e as estrelas, João Gimenez foi premiado em 3o. lugar no Concurso Internacional de Literatura da UBE/RJ – União Brasileira de Escritores – Rio de Janeiro, na modalidade Aldravia, Prêmio Gabriel Bicalho.
É membro efetivo da ALACIB – Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil – Mariana – MG e da SBPA – Sociedade Brasileira dos Poetas Aldravianistas.
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