18 de junho de 2022Categoria: Memórias

“Poesia da Sexta” – XL

Nesses dias, apertam as saudades de minha mãe. Há quase três anos ela voltou para a Eternidade, após longo período convivendo com o mal de alzheimer. Esse mal da ausência em vida. Instiga-me, entretanto, que minha mãe, mesmo distante mentalmente, se fazia presente em sua bondade e ternura de alma. Seu olhar profundo sobre mim, apesar de demente, era um olhar de amor maternal que me abençoava… E serenava minha inquietude.

Certo dia, após dialogarmos, em silêncio, entre olhares de alma, escrevi:

Alzheimer

Das ideias

Restou-me um vazio
Profundo, irreversível.
Indestrutível
Mal da Ausência!

Dos sentimentos

Restaram-me lágrimas.
Tristeza ou esforço?
A razão busca o foco
Mas não o encontra

Dos sentidos

Restou-me o tato!
Minhas mãos trêmulas
Buscam o contato.

E a mão que me toca
É a única troca
Que ainda conservo
Com esse mundo!

Filho meu.
Meu anjo Querubim!

Poetiza esta minha dor:
Lucidez incompreendida.
E a eterniza em versos
Por mim…

João Gimenez
01/08/2015

Comentários

  1. Claudete disse:

    Maravilhosa.

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Sobre o autor

João Gimenez é escritor e poeta. Garimpeiro de palavras.

Tem três livros publicados. A completude do verso (2013 – Editora 3i), Versos Velados (2015 – Editora 3i) e O céu, a lua e as estrelas (2019 – Editora Aldrava, Letras e Artes).

Com O céu, a lua e as estrelas, João Gimenez foi premiado em 3o. lugar no Concurso Internacional de Literatura da UBE/RJ – União Brasileira de Escritores – Rio de Janeiro, na modalidade Aldravia, Prêmio Gabriel Bicalho.

É membro efetivo da ALACIB – Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil – Mariana – MG e da SBPA – Sociedade Brasileira dos Poetas Aldravianistas.

Contatos com o autor: