29 de julho de 2022Categoria: Cartinhas do Vovô, Poesia da Sexta

Poesia da Sexta – CDXXIII

Carta do vovô XVII

Belo Horizonte, 29 de julho de 2022

Ei Emily

Hoje você completa 9 meses entre nós. Nove meses de sua chegada à luz exterior. Nove meses antes. Nove meses depois. Dois tempos diferentes. Um de dentro do quentinho do ventre da mamãe Manu. Outro do lado de cá deste mundo. Num, segurança total. Noutro, venturas e descobertas.

Que alegria esperar que terei você ao meu lado, como tenho a Sarinha. Um longe em distância, mas pertinho de coração.

Nunca achei que pudesse ser tão concreto e intenso um amor a tamanha distância. Nunca pensei que um sorrisinho ‘a milhas e milhas de distância’ pudesse estar tão próximo. E jamais imaginei que eu pudesse ter netinhas assim, vivendo pertinho de mim… De tão longe.

E comparo isso que sinto com os seus 18 meses de vida. Nove de dentro de um mundo só seu. E nove de fora, no mundo de todo mundo. Do papai, da mamãe e da maninha. Do vovojão e da vovó Dete e da vovó Márcia. E também do vovô Geraldo, no mesmo mundo que é o nosso, mas noutra dimensão. No ventre eterno da Mamãe do Céu. Mundo de todo mundo…

Vovôs e vovós – de longe dos seus netos e suas netas – vivem sempre uma saudade de espera. Como se a cada encontro fosse um novo nascer. Sim, nesta fase de sua primeira infância, há um verdadeiro turbilhão de novidades nascendo todo dia.

Um olhar diferente. Um balbuciar inédito. Uma tentativa inusitada de se mover. Um dentinho. Um choro estratégico e calculado. E um sorriso cada dia mais cativante. Desses sorrisos que revelam uma intimidade em franca expansão.

Acontecimentos que – penso – ocorram todos os dias. Mas que não os presencio. Apenas os concebo e acalento nas imagens que teço em meu ventre de afeto. Tudo na fé e no amor que vamos construindo e sentindo entre nós. Juntos ou separados. Mas sempre unidos.

Sabe Lily… O ventre de amor de vovôs e vovós distantes sempre fica a esperar o grande dia. O dia de se encontrar. De se nascer de novo. De se ter esperança e fé na vida. E de desejar que o amor venha a este mundo sadio e perfeito. Como vêm vocês – as minhas netinhas – a me visitarem. Aqui. Ocaso dos meus tempos…

Com amor esperei você nascer. Com amor esperei você completar dois meses para voltar. Com amor espero você me reconhecer pela telinha, todos os dias em que lhe vejo pelas ondas da virtualidade. Com amor espero você chegar à minha casa. E poder tocar-lhe pelas ondas reais da minha saudade imensa de lhe abraçar e ter ao colo. Com amor espero você crescer e sair andando e correndo e brincando pela casa, como já faz a Sarinha quando vem me visitar. Com amor lhe espero a me chamar: – vovojão!

Com amor espero. Sempre.

Parabéns pelos seus nove meses de vida neste mundo de todo mundo… E o Papai-Mamãe do Céu lhe abençoe todos os dias…

a/te
esperar
nasço
amor
todo
dia

Beijinhos pra você e Sarinha

Do vovojão

Comentários

  1. José Caetano disse:

    Que linda cartinha do vovojão, Gimenez. E a Emily está linda e vai perceber o grande poeta que você é logo ali na frente…
    Acho que a poesia é uma bela forma de matar a saudade das duas netinhas.

    1. joao disse:

      Ei meu amigo Caetano. Muito obrigado. Sim a poesia é a forma que encontrei de expressar o amor e a saudade que eu sinto das netinhas.

  2. Claudete disse:

    Colocar em lindas palavras nossos sentimentos é um dom excepcional. Obrigada por deixar em texto o que sentimos em nosso coração. Nossas netinhas sentirão esse amor imenso ao lê-las.
    “ventre de afeto ” é a mais bela definição de amor.

    1. joao disse:

      Obrigado, meu bem. Escrevo o que sentimos nesta trajetória de amor.

  3. Manu disse:

    Que cartinha maravilhosa! Ansiosos pelas “ondas reais” de amor e afeto!❤️

    1. joao disse:

      Ei Manu. Obrigado. A gente na espera, cada vez mais próximos do encontro. Deus seja louvado.

  4. Gisele disse:

    Que coisa linda!!!! Emily vai amar ler as cartinhas do “Vovojão”!!!

    1. joao disse:

      Se Deus quiser, Gi. Obrigado.

    2. joao disse:

      Obrigado Gi. As cartinhas são a forma que encontrei de matar a saudade delas.

  5. Felipe disse:

    Que sensibilidade e que coisa mais linda, Papai! Muito obrigado, você eh demais. Consegue colocar em palavras tanto sentimento. Amamos você!

    1. joao disse:

      Obrigado, filho querido. Você e sua família merecem todo o meu amor. Ainda publico um livro só com essas cartinhas.

  6. Liberio Ferreira dá silva disse:

    Felicidades , Emily ! João Gimenez, parabéns, sucessos. Abraços.

    1. joao disse:

      Obrigado meu amigo Libério

  7. Katia Bastos disse:

    ✨ “ventre de afeto” ❤️ o amor genuíno, divino! O ‘ser humano, digno de assim ser chamado e percebido, há de nutrir esse “ventre de afeto” q vc, meu poeta, expressa tão bem em sua poesia e em seu cotidiano! Admiro demais! Me inspira demais!❤️✨

    1. joao disse:

      Ei Katinha. Muito obrigado minha amiga querida. Escrever para as minhas netinhas é uma grande alegria que tenho nesta vida.

Deixe o seu comentário!

Veja também

18 de junho de 2022

andarilho – 13/02/2015

“Poesia da Sexta” – XXV andarilho joão gimenez algo há que fica atrás da lua cheia busco… e encontro o […]

Leia mais
31 de julho de 2022

ao deserto – 31/07/2020

“Poesia da Sexta” – CCCXI ao deserto um oásis se existe o meu céu de estrelas tristes -‘- ao deserto […]

Leia mais
30 de junho de 2022

contemplação – 2013

“Poesia da Sexta” – V Contemplação João Gimenez 2013 Abre-se a janela E o que se vê? As flores coloridas […]

Leia mais

Sobre o autor

João Gimenez é escritor e poeta. Garimpeiro de palavras.

Tem três livros publicados. A completude do verso (2013 – Editora 3i), Versos Velados (2015 – Editora 3i) e O céu, a lua e as estrelas (2019 – Editora Aldrava, Letras e Artes).

Com O céu, a lua e as estrelas, João Gimenez foi premiado em 3o. lugar no Concurso Internacional de Literatura da UBE/RJ – União Brasileira de Escritores – Rio de Janeiro, na modalidade Aldravia, Prêmio Gabriel Bicalho.

É membro efetivo da ALACIB – Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil – Mariana – MG e da SBPA – Sociedade Brasileira dos Poetas Aldravianistas.

Contatos com o autor: