10 de maio de 2023Categoria: Dos Amigos

Meu amigo poeta Bené Benedito Sergio Rezende

Hoje me tornei órfão de você, meu amado amigo de tanto tempo. Referência de equilíbrio e sensibilidade. De conhecimento. E da eterna busca dos saberes. Ético e estético.

Reli cada uma de uma imensa tira de mensagens que trocamos sempre pelo whastsApp. De 02/03/2019 até 18/02/2023, depois que me aposentei e troquei o meu número. As de antes se perderam no limbo desse mundo cada vez mais digital. Nossas conversas constituem retrato da nossa amizade.

Tenho muitas relíquias suas. Guardo-as num lugar especial do meu coração. Para nunca serem esquecidas. Eis uma delas. Em nosso exercício de aldraviar…

caminho
das
pedras
pedras
no
caminho

E outras, como nesta troca dialógica de 02/10/2019

Bené: Amigo Poeta,
Quisera ter a sua veia poética.
Mas, a natureza não foi tão pródiga comigo.
Inspirado em seu minimalismo,
fiz uma reflexão sobre o momento sombrio, para quem como eu está descendo a serra.

Sexagenário

Passado remoto
Presente volátil
Futuro distante
Sexagenário
Esperança vacilante.

Eu: Uau. Lindíssimo Bené. Vc tem a sensibilidade do poeta. Continue, pois tem muito talento.

Bené: Obrigado!

Eu: Permita-me derivar uma aldravia…

remoto
volátil
distante
sexagenário
esperança
vacilante

A sua bela aldravia das pedras, entre tantas possibilidades sensoriais, sintetiza o que foi a nossa amizade neste plano. E o que é e será para sempre no plano de nossas almas.

Na nossa profissão – no exercício da nossa missão de gestores e educadores – você sempre me indicou o caminho das pedras. Todas as vezes que eu lhe apresentava – em dor – as muitas pedras que tanto encontrei em meus caminhos. Pedras compartilhadas. Pedras atiradas. Pedras retiradas. Pedras dissolvidas numa espécie de pó criativo. Pelo moedor de nossas consciências. De nossas resistências. E de nossas esperanças. Consistências éticas. Sempre.

E o nosso diálogo de 2019? As palavras e os versos mínimos falam por si. E por nós. Do que já era em nós antes de ser para o mundo…

Suba em paz aos céus da eterna poesia, meu amado amigo. Pelos degraus da linda escada que você alcançou construir com seus gestos de fé, amor e esperança. Seu legado fica aqui neste mundo para sempre, com todos os seus. Nossa inspiração e nossa resiliência lutadoras de um mundo melhor sempre, para todos.

Sua presença neste mundo vai nos fazer muita falta. Mas saiba. Vamos nos agarrar, juntos, a tudo o que você plantou em nossos corações.

João Gimenez
10/05/2023

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Sobre o autor

João Gimenez é escritor e poeta. Garimpeiro de palavras.

Tem três livros publicados. A completude do verso (2013 – Editora 3i), Versos Velados (2015 – Editora 3i) e O céu, a lua e as estrelas (2019 – Editora Aldrava, Letras e Artes).

Com O céu, a lua e as estrelas, João Gimenez foi premiado em 3o. lugar no Concurso Internacional de Literatura da UBE/RJ – União Brasileira de Escritores – Rio de Janeiro, na modalidade Aldravia, Prêmio Gabriel Bicalho.

É membro efetivo da ALACIB – Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil – Mariana – MG e da SBPA – Sociedade Brasileira dos Poetas Aldravianistas.

Contatos com o autor: