Carta do Vovô XI

Belo Horizonte, 20 de maio de 2021

Ei Sarinha, boniteza do vovô

Hoje, na completude de seus dois aninhos de vida, adoraria estar bem pertinho de você. Para afagar-me o coração. Para, junto de seu coraçãozinho, elevar ao Papai do Céu a minha melhor prece de agradecimento por sua vidinha tão cheia de amor e alegria. Uma alegria de plenitude, que faz a gente voltar a acreditar em dias melhores, mais plenos de significado e esperança.

“Fé na vida, fé no homem, fé no que virá
Nós podemos tudo, nós podemos mais
Vamos lá fazer o que será”.

Assim cantava Gonzaguinha, numa canção dizendo de uma conversa linda que teve com uma criança…

Quantas conversas lindas eu e você já tivemos, Sarinha. Mesmo sem entendermos muito bem as palavras. Eu, as suas. Você, as minhas. Em português, em inglês, em ‘Sarahês’. Sempre conversas de um amor novinho que estou experienciando no terceiro ato do teatro da existência, justo na velhice que parece um tempo de encerrar as coisas. Mas, em você me renasço qual Phoenix, das cinzas, para um voo novo…

Você me faz um ‘velho menino’! Que corre, agacha ao chão, brinca, pula e rola. Que canta as mesmas canções de criança que, junto com a vovó Claudete ao violão, cantou outrora para o papai Felipe e a dindinha Débora.

Você me faz o ‘velho esperança’! Que volta a crer que a felicidade nesta vida é só um jardim de florezinhas simples a nos inspirar a uma contemplação cotidiana do majestoso dom de existir. Sempre presente nas irrelevâncias que esse mundo apressado nos tolhe ver.

Você me faz um ‘velho aprendiz’! Que admira o seu olhar de espanto alegre e curioso a tudo que lhe parece novo, bom e belo.

Você me faz o velho ‘criança feliz’! Que vê em seu riso às nossas brincadeiras, o amor de vovô e netinha que já começamos a sentir um pelo outro, com tamanha intensidade.

Que seja maior, a cada dia
em consciência e sentimento
Que cresça em fé e harmonia
pelas bençãos de São Bento
E que seja – a palavra alegria –
o nosso melhor experimento

Feliz aniversário Sarita! Felizes dois aninhos. Paz e bem, hoje e sempre.

Vovô poeta!