“Poesia da Sexta” – CDXV
Cartinha do vovô – XVI
Belo Horizonte, 20 de maio de 2022
Ei Sarinha, minha boniteza
Faço três anos de vovô hoje. Pelas suas mãos, minha netinha princesa. Você chegou a este mundo em 20/05/2019. E me trouxe diretamente do céu esta Graça. Meu novo nome: vovojão. E com a vovódete. E com o papai Felipe. E a mamãe Manu. E a titia dididedé.
Ser avô é renascer…
Avô é pai ressuscitado. Depurado de suas fragilidades e limitações. Pura espiritualidade. Ânimo e alegria. Inocência e sabedoria. Amor desencarnado. Sem carne. Todo alma… Sopro. Ser avô é ser poesia. E se render ao mais puro gesto de viver o amor, amando a vida.
Na infância, os verbos amar e viver são gêmeos. Gêmeos siameses. Só existem juntos. Não se separam. Até chegar a hora do desenlace. Por obra da ‘senhora racionalidade’. A tal razão que fere a alma da gente e corta do nosso viver os sentimentos de amor mais puros que a nossa infante e inocente felicilidade suscita.
E ainda chamam a esse divórcio forçado (entre consciência e sentimento) de um doloroso, mas necessário, aprendizado para a vida. Como vovô – criança de novo – manifesto-me solenemente, Sarinha. Ando muito desconfiado dessa teoria. Será que dilacerar a inocência do amor infante (que tudo crê, ama e espera) seja realmente preciso?
Não! Não é! Mas só aprendemos a lição quando renascemos vovôs. Quando vivemos a nossa segunda e derradeira infância, na persona do que queremos ser. E estar. Na persona dos nossos netos. Para mim, nas personas sua e da Lily. E de todas as personas que ainda estão por vir. A ser. Enquanto eu possa estar por aqui e viver e amar, antes de me tirarem, de novo, desse encanto…
Parabéns a você neste dia, Sarinha. Muitas felicidades na sua mais pura e bela inocência infante. E que o Papai do Céu lhe proteja hoje e sempre. Obrigado por me fazer vovô, assim…
nenhum vovô fala sério
faz fantasia… somente
nenhum vovô é espelho
mas se reflete na gente
nenhum vovô é mistério
se acena dá um presente
nenhum vovô fica velho
vira criancinha experiente
nenhum vovô morre: etéreo
sobe estrelinha ao sol poente
(da cartinha sua para mim, na despedida do nosso último grande encontro – 04/01/2022)
Beijinhos, do
vovojão poeta
-‘-
João Gimenez
aldravia de domingo – 287 joão gimenez – 03/09/2023 flores ceu o céu na terra do orquidário de Claudete Gimenez
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criança pobre sonha comida arroz feijão bife e batata frita algo de podre fez a esta vida um sujeito patife […]
João Gimenez é escritor e poeta. Garimpeiro de palavras.
Tem três livros publicados. A completude do verso (2013 – Editora 3i), Versos Velados (2015 – Editora 3i) e O céu, a lua e as estrelas (2019 – Editora Aldrava, Letras e Artes).
Com O céu, a lua e as estrelas, João Gimenez foi premiado em 3o. lugar no Concurso Internacional de Literatura da UBE/RJ – União Brasileira de Escritores – Rio de Janeiro, na modalidade Aldravia, Prêmio Gabriel Bicalho.
É membro efetivo da ALACIB – Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil – Mariana – MG e da SBPA – Sociedade Brasileira dos Poetas Aldravianistas.
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