17 de agosto de 2022Categoria: Memórias

“Poesia da Sexta” – CCVIII (2)

O milagre dos ipês

florir é
eternizar

cremos

mas não
vemos…

“Da janela lateral do quarto de dormir” avistei um ipê desnudo de folhas, era só galha seca. Descuido o olhar e ele me surpreende com suas flores amarelas, vestes tão belas. A florada dos ipês parece milagre e ninguém vê no exato momento em que acontece. Quisera perder para sempre as minhas agendas que conflitam desejo e dever. Desejo de ser feliz e dever de corresponder às expectativas deste mundo.

Assim, ficaria em vigília sob as galhas de um ipê. E, fitando meus olhos, esperaria o tempo que fosse até que suas flores surgissem das galhas secas, de onde parece impossível nascer algo tão belo. Movido apenas pelo desejo de me entregar ao fugaz encanto da existência, contemplativo, em absoluto estado de êxtase, quando ‘chronos’ beija ‘kairós’. Isso é ser feliz!

ipês
amarelos
urge
vê-los
tão
belos

Na aridez do inverno, hiberna o prenúncio da primavera. São as galhas secas do ipê.
Aparentemente inúteis aos olhos do mundo surpreendem e ficam grávidas da beleza. O ipê primeiro parece que morre antes de belo renascer… O milagre da ressurreição…

folhas
secas

sob
os pés

até
virem

os
ipês

Mestres naturais que ensinam lições fugazes de espera e crença em dias melhores, mais belos…

bastou
que fosse

sequidão
e aridez

para vir
doce

a lição
dos ipês

nada
impere

seco
ou triste

que não
espere

o belo
existe

o milagre dos ipês
joão gimenez
17/08/2018

Deixe o seu comentário!

Veja também

14 de julho de 2022

o belo ensina – VIII – 01/08/2021

aldravia de domingo – 196 joão gimenez * o belo ensina VIII alvorada alva nada noite-dia despedia dourada foto: alvorada […]

Leia mais
10 de maio de 2023

Bené – Aos Céus da Poesia – 10/05/2023

Meu amigo poeta Bené Benedito Sergio Rezende Hoje me tornei órfão de você, meu amado amigo de tanto tempo. Referência […]

Leia mais
22 de setembro de 2022

na primavera – 22/09/2017

na primavera dos anos… se ainda me lembro eu era setembro de janeiro a dezembro sempre setembro! -‘- Na primavera […]

Leia mais

Sobre o autor

João Gimenez é escritor e poeta. Garimpeiro de palavras.

Tem três livros publicados. A completude do verso (2013 – Editora 3i), Versos Velados (2015 – Editora 3i) e O céu, a lua e as estrelas (2019 – Editora Aldrava, Letras e Artes).

Com O céu, a lua e as estrelas, João Gimenez foi premiado em 3o. lugar no Concurso Internacional de Literatura da UBE/RJ – União Brasileira de Escritores – Rio de Janeiro, na modalidade Aldravia, Prêmio Gabriel Bicalho.

É membro efetivo da ALACIB – Academia de Letras, Artes e Ciências Brasil – Mariana – MG e da SBPA – Sociedade Brasileira dos Poetas Aldravianistas.

Contatos com o autor: